sábado, 27 de agosto de 2011

Querido Amigo


Último dia do ano de dois mil e três. É verão, o sol brilha com intensidade, céu e mar se confundem numa sinfonia de azuis. Estou só e feliz no meu apartamento. Aproveito para fazer um balanço do ano que termina e agradeço a Deus pelas dádivas recebidas. Cada dia que passa, convenço-me que a felicidade depende de nós mesmos. Hoje tenho um baú imenso de sonhos a alimentar. Penso no ontem, nos outros fins de anos com festas, a casa cheia e sinto saudades. A solidão consentida é a melhor coisa que temos. Gosto da minha casa, dos meus espaços. Hoje sou uma mulher livre para pensar e amar, não o amor real, àquele que está com a gente, mas o que gostaríamos de ter. Esse amor, querido amigo é você em forma de estrela, perdido num infinito brilhante e incandescente.

Faz tanto tempo que não sei de ti, o que houve? Será que perdemos a direção do destino? Vez por outra gosto de revisitar o passado e nele sempre te reencontro. Para mim, és sempre o mesmo. Guardamos no coração as lembranças como uma foto. Ali o tempo não parou. Encontro no presente, o homem do passado. Os ponteiros do relógio se abraçam. É meia-noite. As taças de champanhe se cruzam e nos desejamos felicidades. Abraços e beijos são trocados. É tudo um sonho, gostaria de te rever. Assim, o fantasma da velhice, tão cruel e devastador seria esquecido, pois o coração é sempre jovem.

Escrevo-te para as galáxias, não sei mais em que mundo habitas. És uma doce e suave lembrança. Permaneces vivo dentro do meu ser, espero estar também em ti. Sou forte e tenho fé no amanhã. Igual a Penélope da lenda, em vez de bordado, teço o fio da esperança. Não demores, estamos numa corrida contra o tempo. O ontem e o hoje se misturam dentro de mim. Faço esta carta para te desejar um feliz Ano Novo. Que em 2004 os ponteiros dos nossos relógios se encontrem e reafirmem esta fiel e sincera amizade. Amigos a gente perdoa, mas nunca esquece. Afetos e ternuras. 31/12/2003.