quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Amigo do Coração


Mais uma vez visito solitária estes belos jardins que foram à razão de viver do grande Monet. Todas as vezes que venho a este meu país do coração, corro para este refúgio lindo e tranqüilo, onde posso reencontrar os meus fantasmas e fantasias do passado.
Não sei quantas vezes eu vim aqui, mas nunca espero que seja a última. Talvez só você possa entender essa minha fixação por tudo que diz respeito a este mundo, para mim, mágico e encantador.
Hoje é um dia qualquer do mês de outubro e o frio se faz presente, mas em compensação o sol brilha com todo o seu fulgor iluminando os jardins, cheios de flores e borboletas esvoaçantes.
Estou em plenitude total com a natureza. Sou uma velha senhora radiante, talvez por estar em paz comigo mesmo. Vendo estas pequenas cidades, fico admirada com o seu ar bucólico e provinciano tal qual era no passado e lembro das narrativas de Proust. Que bom! Nem sempre o moderno recompensa.
Lembrei muito de um frio inverno quando resolvemos vir visitar o Museu e os jardins estavam fechados, ainda assim, enfrentamos o intenso frio e nos deliciamos passeando abraçados debaixo de um belo e brilhante sol. Que bom é a gente poder armazenar no coração os bons momentos que tivemos.
Acho meu querido amigo, que viver é isso. Poder olhar pra trás e ser feliz com o que tivemos, mesmo que hoje estejamos sós. Por isso, dedico este dia às minhas saudades dos tempos felizes que vivenciei no passado.
Fiz uma frugal refeição acompanhada de um rouge forte e quente, única maneira que encontrei para aquecer o corpo e a alma. Saudades e muito carinho da eterna mulher que não consegue viver sem sonhar. Giverny/Out/2011

sábado, 14 de janeiro de 2012

Minha Amada do coração



O tempo, do qual gostas tanto de lembrar, novamente interpôs-se entre nós. Perdi o fio de Ariadne que nos uniu por tantos anos, deixando passar um período de silêncios e saudades. Agora retornando, reencontro a mulher vivida, dizendo-se cansada, mas firme na esperança e na fé.
Bem, cara amiga do coração estou no inverno da vida numa montanha russa de incertezas e duvidas. As mulheres, como sabes, sempre povoaram o meu mundo e tive delas amor, prazer, ternura e também muitos problemas. Ah! As mulheres!
Entre tantas, uma marcou a minha alma como tatuagem. Às vezes o homem tem uma relação afetiva por muitos anos, ama, desama e tudo se desmancha no ar. O amor foi um fogo-fátuo, passando leve qual uma brisa suave numa manhã de primavera e tão irreal que parece sonho, mas noutros casos, a essência é tão forte e duradoura que o tempo não consegue apagá-lo.
Não sou poeta, mas um homem embriagado da mulher leve e solta, coberta de sol que representas para mim. Hoje, estamos envoltos em névoas, corpos desgastados, cansados de tantas mágoas que a vida nos legou, mas no interior a chama arde no calor que nada fará extinguir.
Que nome poderemos dar a esse sentimento? Paixão! Amor! Não sei minha querida, a amizade e o bem-querer que sentimos um pelo outro, irão vencer todas as tempestades que insistem em povoar o nosso universo.
Quero-te bem com a rigidez das árvores fincadas nas montanhas. O vento forte balança-as, mas não consegue derrubá-las, elas se curvam a sua força e sobrevivem. Eis tudo o que representas para esse homem vivido e apaixonado. Abraços com afeto e muito calor. 2007

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Querido Amigo




O dia amanhece. Nuvens se rompem e o sol invade aos poucos a terra. Que belo é o amanhecer! Um renovar de vida e de sonhos. Gosto quando acordo cedo e à minha volta tudo é silêncio. É a melhor hora para o reencontro comigo mesma.
Na medida em que o tempo passa, a vida torna-se estática, as atividades diminuem, os interesses se modificam e assim podemos dispor de mais tempo para nós. A mente fica mais clara e o passado pode ser revisitado sem mágoas, nem rancores. Feliz de quem viveu o ontem e algo de bom tem para recordar. O futuro, antes tão esperado já não causa temores nem apreensões. Ele com certeza virá sem grandes surpresas ou expectativas.
Sinto que a vida anoitece. Espero por algo que não sei se virá ou não. Talvez por ti, amigo querido a quem não vejo há tanto tempo. Poderias chegar pelo mar tão plácido à minha frente, trazendo contigo o cheiro da maresia. Teu corpo molhado teria o sabor das algas. Abraçarias a mulher ainda morna do sono e o choque térmico aconteceria explodindo as emoções. Renovarias a vida com a tua presença, serias a luz mostrando que ela ainda pode ser vivida. Trarias a esperança, a fé e a perspectiva de uma felicidade renovada.
Assim, não teria mais sonhos, tudo seria real e estarias comigo. Vem meu querido, espero-te coberta de sol e sal. Serás o meu dia e noite, meu norte e meu sul. Vem, estou carente de afetos e ternura. Praia de Boa Viagem.Set/05.