domingo, 5 de fevereiro de 2012

Querido Amigo



Escrevo esta carta acompanhada por um piano, onde músicas românticas estão sendo dedilhadas. Eu, com uma solitária taça de champanhe, me delicio com os velhos e nostálgicos boleros. Faço um retrocesso e todo passado vem à tona. Que bom é a gente ter o que recordar, concordas?
A canção diz: “momentos são, iguais aqueles em que eu te amei... palavras são iguais àquelas que te dediquei..” e continua, dizendo que as palavras foram escritas na areia e o mar chegou tudo apagou, palavras levam o mar"... Por isso, prefiro firmá-las no papel, assim permanecerão para sempre.
De ti, meu querido, tenho o melhor da mocidade para recordar. Fostes tu que me iniciaste nos caminhos do amor e dos pecados da vida. Foi contigo que dancei agarradinha, colada dos pés à cabeça, pela primeira vez. Corpos e almas unidos ao som de melancólicos boleros, tangos e canções.
Sou feliz sim, pois tive uma vida plena de carinho e afeto. Bens materiais sempre foram escassos para mim, mas o calor humano, a ternura e, por que não, o amor, sempre estiveram presentes na minha vida. Por isso, não guardo rancores, nem amarguras.
Hoje, enveredando pelos caminhos do esquecimento, quando começo a me sentir uma mulher com uma vida plena, não me preocupo, pois guardo comigo uma enorme reserva de sonhos e esperanças para oferecer a quem se interessar. Saudades. Setembro/99.

Nenhum comentário:

Postar um comentário