quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Cartas ao Vento







Querido Amigo,

Despertei hoje envolta num mar de saudades. Na maciez dos lençóis senti a tua presença. Levanto-me e vou ao teu encontro. É quase dia. Nuvens de gaivotas sobrevoam as areias brancas da praia e no céu brilha solitária uma estrela. Ela me faz companhia: ambas estamos só na imensidão da distância que nos separa.

Sento, pego a caneta e no papel derramo meus sentimentos. Bem que poderias ser este ponto luminoso, frio e distante. Estamos tão longe! Eu, aqui na terra e tu, só Deus sabe aonde. Mas, por que tantas saudades? Faz muito tempo que não sonho contigo.

O passado deixou-me marcas inapagáveis e por mais que tente não consigo diluí-las. Para cada dia, existe um novo amanhecer e a certeza de que nada se repetirá. Por que insisto tanto em revolver sentimentos e emoções há tanto tempo estagnados no meu coração? Eis para mim o grande mistério do amor. Sempre que me refugio na interioridade do meu ser te reencontro.

A força do pensamento é tanta que chegas a materializar tua presença. De olhos bem abertos, vejo-te surgir das espumas brancas do mar. Estás pleno, vigoroso e abres os braços para mim. A idade da razão adverte: cuidado: não mistures o ontem com hoje. Foram tempos passados e vividos, jamais se repetirão. Não importa, somos feitos de sonhos e ilusões.

No meu delírio vespertino vou ao teu encontro. Damo-nos as mãos e leves quais pássaros alados, saímos caminhando sem destino. A praia deserta, o sol preguiçoso afastando as cortinas das pálpebras, ri para nós. Ele sabe que a solitária estrela tomou emprestado o corpo do homem e veio aquecer o inverno da apaixonada e sonhadora mulher. Bom dia amigo, o mundo ainda será nosso. Abraços saudosos. Praia da Boa Viagem. Nov/04.

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